23.9.08

Portugal envelhecido

O Instituto Nacional de Estatística (INE) revelou na semana passada o último estudo demográfico português. As estatísticas são alarmantes.
Conforme publica o Expresso do dia 20, "a relação entre novos e velhos é de 114, isto é, existem 100 jovens (menos de 15 anos), para cada 114 idosos (65 em diante)".
A comentadora Ângela Marina deixou-nos um texto bastante interessante na caixa de comentários do segundo post, (Pedido aos professores) deste ainda recém nascido blogue, que vai à origem dos resultados demográficos do nosso Portugal envelhecido.

"Afinal, apesar da taxa de natalidade continuar a diminuir, ainda há quem tenha a coragem de ter filhos... Coragem? Não sei se lhe podemos chamar assim.. Instinto maternal/paternal? O perpetuar da descendência? Em alguns (muitos) casos devido a um acidente de percurso.. Quantas pessoas nos dias de hoje tomam a decisão consciente de ter um filho e pensam nas consequências que isso acarreta? Numa sociedade em que cada vez somos mais egoístas... Num país com uma situação económica cada vez mais difícil para a maioria das famílias e onde se exige cada vez mais... Produtos de higiene xpto, cremes, papas sem glutem, carrinhos com direcção assistida, roupas tão pequenas que custam mais que as de um adulto, um arsenal de materiais esterilizados e brinquedos que não sejam tóxicos... o preço das creches e dos jardins-de-infância... sim, poque já são raros os avós que tomem conta dos netos (até porque nem é aconselhado, as crianças precisam interagir com outras crianças e o jardim estimula o desenvolvimento). Numa sociedade em que se tem de trabalhar das 8/9h da manhã até às 18/19h, fora enfrentar as filas de transito até chegar a casa.. e entre todas as actividades extra-curriculares das crianças, e dos pais que devem praticar desporto, e por isso têm de arranjar espaço no seu horário para ir ao ginásio... Fazer jantar, e muitas vezes ainda levar trabalho para casa.. enfim...
Que tempo (e que vontade) resta afinal aos pais para educarem os seus filhos? E que tempo resta aos pais, como casal, para manterem e se dedicarem a um relacionamento a dois? Não é dificil perceber a elevada taxa de divórcios... e a crescente responsabilidade atribuida aos professores e educadores.
Afinal quem tem coragem de ter filhos?
São por isso cada vez mais as familias mais carenciadas, aquelas que até beneficiam dos apoios do estado, e que muitas vezes nem tem trabalho, que acabam por ter filhos..
Afinal... coragem ou insconsciência???"

À (minha querida) Marina, obrigado.

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