31.10.08

A qualidade e a crise

Como já tive a oportunidade de escrever neste blogue, perante uma concorrência cada vez mais feroz, a qualidade é factor fundamental para uma empresa, quer seja ela prestadora de serviços ou de venda de produtos (normalmente tem associado uma prestação de serviços, seja ela pré, durante ou pós compra). É pois imperativo que as empresas não menosprezem a qualidade dos seus serviços, pois este é um aspecto que deixou de ser de diferenciação para ser de obrigatoriedade.

Bem sei que a conjuntura mundial apresenta-nos um cenário de desmoralização económica e uma necessidade imensa de retenção de custos. Chegou a altura de as empresa desvendarem o tipo de massa que as constituem. Amealharam quando podiam (e deviam) para agora poder fazer frente a esta situação? Alicerçaram valores de qualidade e visão global do mercado nos seus quadros humanos, que agora mais que nunca precisam de pôr em prática?
Estamos assim diante de uma situação em que se vai separar o trigo do joio relativamente à cultura empresarial vigente no mercado, principalmente das pequenas e médias empresa (PME).
Perante situações de crise as grandes empresas têm obviamente maior capacidade de manobra, no que diz respeito aos recursos disponíveis, sejam eles de ordem social, financeiro ou humano. Deste modo, a sua capacidade de sobrevivência no mercado perante situações menos favoráveis alarga substancialmente quando comparados com as PME. Assim, sob pena de se afundarem na crise que estamos a viver, as empresas de menor porte não podem prescindir do factor que cada vez mais os consumidores procuram – a qualidade do serviço. Não somente no seu core business, mas em todo o ambiente que rodeia a actividade empresarial.
É na altura de maiores dificuldades que os responsáveis empresariais mais devem pensar nos seus clientes. Ao continuarem a servir qualidade, as PME têm a oportunidade de sobreviver à crise. Para ilustrar esta realidade, segue uma pequena história.

É a história de um pequeno restaurante de beira de estrada que servia um frango frito de comer e chorar por mais. O dono era um homem simples, mas um excelente cozinheiro.
O movimento era cada vez maior e foi necessário colocar mesas com guarda-sol para atender melhor a clientela que crescia cada vez mais. Colocou placas na estrada a avisar da proximidade do restaurante e ganhou muito dinheiro com seu pequeno negócio. Tanto que deu para pagar os estudos do seu filho na capital.
Um dia, esse filho voltou com um lindo diploma de administração. E o pai orgulhoso perguntou: Como é que estão as coisas lá na capital?
- Pai, é bom que o senhor comece a tomar medidas. Economizar ao máximo, pois vem aí uma grande crise!
O velho não dormiu naquela noite. Na manhã seguinte começou a pôr em prática um grande esquema de economia: recolheu as mesas com os guarda-sóis para evitar que o sol e a chuva os estragassem, mandou cancelar os contratos com a empresa dos painéis de estrada, fez uma lista dos funcionários que podia dispensar, começou a poupar nos ingredientes e a fechar mais cedo para não pagar horas extras aos empregados. Andava nervoso e o seu semblante ficou mais pesado.
Meses depois, o velho observou que quase não tinha clientes. Os carros passavam na estrada e não davam aquele bendito sinal de pisca-pisca a avisar que iam entrar.
Então, o dono do pequeno negócio pensou e concluiu: o meu filho tinha razão, é uma crise daquelas…!

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