17.10.08

Inovação precisa-se

O tecido empresarial português, no seu grosso modo, aplica planos tácticos de curto prazo em desfavor de estratégias que visem o longo prazo. Obviamente que esta opção tem como justificação a contenção de gastos e a garantia de índices de produção, sempre como pano de fundo a pouca segurança que a conjuntura financeira mundial apresenta.
Na minha opinião, o cerne do problema passa por aqui - a prioridade da manutenção e não da inovação.
Vem este meu comentário na sequência do resultado do último estudo
realizado pela Confederação da Indústria Portuguesa e da Agência Nacional para a Qualificação. Do mesmo tiram-se, entre outras, as seguintes ilações, de acordo com o noticiado no site do Diário Económico.

"Apesar de estarem quase 50 mil licenciados no desemprego, o recrutamento de profissionais com formação superior não faz parte das prioridades da indústria portuguesa nos próximos três anos"...

"Os licenciados não fazem parte das cinco profissões que as empresas do sector industrial pensam recrutar num prazo de um a três anos. Os profissionais de que as empresas têm maior necessidade são os agentes de método, isto é, pessoas com habilitações ao nível do 12º ano de escolaridade, especializadas em controlar tempos e métodos de produção, para garantir os índices de produtividade das empresas."

A aplicação de estratégias empresariais que visem a prosperidade e rendibilidade possuem como base a criatividade e a inovação, visando um conjunto de medidas que apliquem disciplinas como o Marketing, Economia, Engenharia e Sociologia. Ora, a base do conhecimento destas áreas passa pelas Escolas de Ensino Superior, sejam elas Universidades ou Politécnicos. Desfalcadas da mais valia que o conhecimento destas áreas confere aos licenciados, as empresas têm, naturalmente, grandes dificuldades em superar os problemas do mercado, bem como em conseguir a diferenciação face à voraz concorrência.
O mercado português precisa urgentemente de inovação por parte das empresas, por iniciativa própria, e não esperando que o anunciado (e não chegado) choque tecnológico lhes resolva os problemas.

A qualidade deverá ser um objectivo constante de todas as empresas, sejam elas multinacionais ou pequenos negócios emergentes, e julgo que, só será atingida
quando se aliar a experiência à formação, quando os empresários se deixarem de sentir ameaçados pela excelência, mesmo que seja a dos outros, quando conseguirem levantar a voz para defender que deve ser o melhor a vencer, mesmo quando o melhor não são os próprios.

1 comentário:

Anónimo disse...

Caro PH,
Parece-me que isto é um convite, da parte de quem quer que 'mande' no país, para que as pessoas (nomeadamente os licenciados) procurem exercer o que aprenderam fora do mesmo, procurando mercados realmente aliciantes e virados para o desenvolvimento, não para a estagnação (ou retrocedo...)!
Desde que estou fora que me tenho apercebido de algo extraordinário: a maior parte das pessoas com quem falo (tirando os espanhóis, sabe-se lá porquê!!) não sabem sequer onde é Portugal; quem me tenta comunicar na nossa língua falam em Espanhol (ao que respondo: 'What?! I don't understand...'), e quando nos recebem trazem também um daqueles dicionários de bolso (Polaco-Espanhol), porque são pessoas com mentalidades muito abertas e gostam de integrar as pessoas de uma maneira muito própria e afectiva, sempre tentando minimizar as barreiras da lingua!; nem os nossos 'representantes' - como Cristiano Ronaldo e Figo (!!!?) - têm 'força' suficiente para dar a conhecer o nosso 'portugalinho' (mas sim, são muito conhecidos).
Começo a pensar que Portugal não passa de uma ilha privada, gerida por galifões que Não Querem que o país se desenvolva e cresca.. focando as prioridades para eles próprios (brincando com os portugueses como se de legos se tratassem...)e não ajudando quem quer crescer e evoluir (99% do país!!) - jardineiro por jardineiro, que venha de lá o Alberto que este jardim já só tem bananas... :S
grande abraço,