12.11.09

Político no fim de carreira

Se eu fosse político e estivesse no fim da minha carreira escrevia um documento a contar tudo o que sei. Tudo o que, por ambições de poder ou por dinheiro, nós, os políticos, cometemos, em prejuízo do povo que trabalha e produz, desviando imensas fortunas que poderiam gerar mais infra-estruturas, mais hospitais, escolas e qualidade de vida para o país. Enviava cópias desse documento para as pessoas da minha confiança, para serem abertos após a minha morte. Não por cobardia, mas para não sofrer o assédio da imprensa e para não pôr em risco a vida dos meus familiares.

Contava tudo, com detalhes e sem rancor, com todas as provas que pudesse reunir. Contra todos e contra mim mesmo. Com o mais alto nível de patriotismo e com o mínimo de auto-admiração. Relatava o outro lado das grandes negociatas e obras públicas, revelava muitas faces ocultas e quem foram os beneficiados, com nome e apelido.

Assim, eu ficava na história do país, bem mais reconhecido do que ficarei levando comigo apenas o medíocre que realmente fui. Seria o maior gesto de grandeza que o meu país já recebeu. E eu, finalmente fazia um grande bem, ajudando o país a livrar-se dessa corja a que pertenci.

1 comentário:

Ana Catarino disse...

Esse seria um grande acto de nobreza, mas penso que os nossos politicos são demasiado mesquinhas para tal gesto. Não há ninguém "correcto" o suficiente para tal. Penso que estamos entregues à nossa sorte, e é por isso que em Portugal o crime compensa! :s